Das estradas que serpenteiam nos campos paulistas, entre o sereno da manhã e o assobio do vento, ecoa a minha inspiração. Nas cordas da viola encontro a memória afetiva de um Brasil profundo. São quatro décadas dedicadas à música e à cultura caipira, mas não de forma saudosista. A minha obra busca ser viva, pulsante, misturando raízes e antenas, o chão e o horizonte. Sou filho de Botucatu, cidade onde também atuei como gestor cultural. Amante da cultura caipira, aprendi a tocar viola ainda menino. Aos 14, já escrevia minhas primeiras canções. Jamais deixei de compor, ouvir, estudar e cantar. Passei pelos festivais de música no interior nos anos 1980 e 90, e segui firmando parcerias com músicos, escritores e poetas que dialogam com a tradição popular e as questões contemporâneas. A primeira gravação, duas faixas numa coletânea de um Festival em Botucatu em 1984, é o primeiro passo que considero num caminhar mais profissional. De lá pra cá, um álbum em 1986 “Riber e Renan", ainda em forma da dupla, dois álbuns nos anos 90, "Osni Ribeiro” (1994) e “Bebericando" (1996), totalmente autorais, e um hiato de mais de 20 anos nas gravações. Renasci com “Arredores” (2018), que trouxe 15 faixas entre autorais, instrumentais e releituras. Depois de um novo hiato, dessa vez pandêmico, retomei as andanças com “Cantigas de Andar” (2022), em treze faixas que trazem caminhos e encontros físicos e virtuais, todo autoral e todas as canções em parcerias. Em 2023 transformamos em álbum um projeto de peças instrumentais, em arranjos para viola e violão, com o Arnaldo Silva, lançamos “Rabiola”. Atém dos meus trabalhos, cuido e compartilho com outros viveiros e violeiras da Filarmônica da Serra - Tradição Caipira, grupo remanescente dos violeiros da Afrape com mais de dez anos de atuação. Já andei pelas telinhas nos saudosos Viola, Minha Viola e Sr. Brasil (TV Cultura), no Aparecida Sertaneja e Luar do Sertão (TV Aparecida) e nas telonas nos A Moda é Viola e Estranhas Cotoveladas e ainda em muitos outros canais. Já viajamos nas ondas das rádios e nos pixels da web. Sonhei com o Êta Nóis, com Mazzaroppi, o Carlitos Caipira, com os Lusitanos Inusitados, o Sobre Trilhos e Canções, No Coração do Brasil, um tributo à Tonico e Tinoco. Idealizei e continuo percorrendo os palcos com o“São Paulo Caipira”, um espetáculo que entrelaça repertório tradicional e produção contemporânea, reverenciando mestres como Angelino de Oliveira,, Inezita Barroso, Raul Torres, Renato Teixeira e Rolando Boldrin entre outros. Minha voz e viola já ecoaram em shows, festivais, museus, centros culturais, feiras literárias, escolas e comunidades. Inúmeras cidades em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Aos 40 anos de trajetória, sigo afinando o canto com o tempo, tecendo laços entre o passado e o futuro, e fazendo da música uma forma de resistência.